




O acesso à montanha só deixaria de ser uma aventura quando, em 1882, os engenheiros Francisco Pereira Passos e João Teixeira Soares receberam autorização para a construção de uma estrada de ferro que fosse do Cosme Velho até o Corcovado, tornada possível pela recente invenção da tração por cremalheira, do suíço Riggenbach. A obra foi inaugurada em 9 de outubro de 1884, no trecho entre o Cosme Velho e as Paineiras, honrada com a presença do Imperador D. Pedro II e sua família. Os visitantes tiveram o privilégio de realizar uma viagem de sonho por uma floresta quase virgem, da qual se descortinavam fantásticas paisagens, que té então pouquíssimos haviam conhecido.


Em 1º de Janeiro de 1885, a ferrovia chegava até o Alto do Corcovado, ao mesmo local de hoje em dia, e daí subia-se até a plataforma de observação, no local da atual estátua. Para proteger os visitantes do sol inclemente, foi construído um pavilhão de ferro com 13,5 metros de diâmetro, cuja função e formato circular fez com que recebesse o apelido apropriado de "Chapéu de Sol". Foi contemporâneo de nossos bisavós, até que em 1931 fosse finalmente inaugurado o monumento do Cristo Redentor.

Por volta de 1880 as ferrovias ainda estavam surgindo timidamente no país, atendendo basicamente as áreas onde era necessário escoar a produção agrícola até os grandes centros e portos, mas a situação já permitia alguns "luxos" como o projeto para se construir uma ferrovia eminentemente turística, que daria acesso ao pico do Corcovado, situado na então capital nacional, Rio de Janeiro. A 7 de janeiro de 1882 o Decreto Imperial n° 8372 concedia ao Eng° Francisco Pereira Passos e João Teixeira Soares a concessão para a construção dessa ferrovia. O projeto dessa ferrovia foi feito pelo Eng° Pereira Passos, que se consagraria nas décadas seguintes por suas outras realizações e obras, tendo sido apresentado a 16 de abril do mesmo ano.


A via permanente tinha bitola métrica e em função do pesado gradiente - 668 metros de altitude a serem vencidos ao longo de 3,7 quilômetros - foi necessário adotar um sistema de cremalheira, no caso o sistema Riggenbach, já adotado na Suíça. A tração dos trens era feita a vapor. Em função do relevo do terreno obviamente a obra, apesar de curta, não foi fácil: as rampas adotadas variaram de 4 a 33%, raio de curva mínimo de 30 metros, cortes de até 18 metros de profundidade e um grande viaduto de aço, nas imediações da estação Silvestre, com 170 metros de comprimento. A rampa máxima ocorria num pequeno trecho entre as estações de Paineiras e Alto do Corcovado. A 9 de Outubro de 1884 iniciou-se o tráfego na estrada entre Cosme Velho e Paineiras, na presença da família imperial e importantes membros do governo.

segurança pública, em função do mau estado de conservação da linha e seu material rodante.

Em 1903 a companhia vai à falência e seus bens são arrematados pelo advogado Rodrigo Otávio de Langard, que repara a linha e restaura o tráfego na E.F. Corcovado. Contudo, os equipamentos são basicamente os mesmos já disponíveis e a companhia continuava deficitária.





Segundo palestra do engenheiro Álvaro Rodovalho Marcondes dos Reis, proferida no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro em 5 de julho de 1910, os motores de corrente trifásica eram mais simples e baratos que os de corrente contínua. Além disso, segundo seus cálculos a adoção da eletricidade proporcionaria uma economia de 60% nas despesas da E.F. Corcovado com energia.
Não houve uma inauguração formal da eletrificação na E.F. Corcovado, com as composições elétricas entrando progressivamente em tráfego a partir de 2 de Dezembro de 1909 até a total supressão dos trens a vapor, que ocorreu em fevereiro do ano seguinte. Do ponto de vista formal, a E.F. Corcovado pode ser considerada como sendo a primeira estrada de ferro elétrica do Brasil, já que seus trens eram compostos de uma locomotiva e um carro de passageiros...
O sucesso desse novo tração foi inegável, permitindo que a E.F. Corcovado recebesse milhares e milhares de turistas ao longo de décadas sem nenhum tipo de acidente. A inauguração da estátua do Cristo Redentor no alto do Corcovado, em outubro de 1931, foi representou mais um forte atrativo para a visitação daquele ponto turístico. Note-se que a E.F. Corcovado contribuiu de forma decisiva para a construção desse monumento, transportando os materiais e mão de obra necessários.
A 10 de Janeiro de 1966 uma tromba d'água destruiu a seção da linha de bondes da antiga Companhia Ferro-Carril Carioca (a famosa linha de Santa Teresa) que chegava até a estação Silvestre da E.F. Corcovado, terminando a antiga conexão que havia entre esses dois meios de transporte.
A concessão com a Light and Power terminaria a 8 de janeiro de 1970. Contudo, já em 1964 a empresa canadense fez um acordo com o governo e antecipou o fim de sua concessão do serviço de transporte público por bondes mas o acordo não incluiu a E.F. Corcovado, que continuou sendo operada pela Light até a data inicialmente acordada. Nessa data, contudo, foi interrompido o tráfego nessa ferrovia, já que nem a Light, nem outra empresa particular e nem o governo desejavam manter o serviço. Após alguma discussão, o governo do então estado da Guanabara retomou o serviço a 19 de abril de 1970. Contudo, um acidente sem maiores conseqüências ocorrido a 17 de dezembro de 1971 - o primeiro desde a inauguração - mostrou que o equipamento, com mais de 60 anos de uso constante, estava superado e precisava ser modernizado.
Essa modernização, contudo, só começou a ser providenciada em 1976, quando foram encomendados à empresa suíça SLM/BBC sete novos carros de cremalheira, sendo quatro carros-motor e três carros-reboque, com comandos acoplados ao carro motor. Os novos carros apresentavam as seguintes características: comprimento de 24,5 metros, peso de 19 t (carro-motor) e 17,8 t (carro-reboque), lotação de 58 (carro-motor) e 63 (carro-reboque) passageiros, velocidade de 15 km/h (subida) e 12 km/h (descida), potência total de 306 HP distribuída igualmente entre dois motores, alimentação por corrente alternada trifásica de 900 V, 60 Hz. Essas composições também operam pelo sistema Riggenbach de cremalheira.
A 10 de Janeiro de 1966 uma tromba d'água destruiu a seção da linha de bondes da antiga Companhia Ferro-Carril Carioca (a famosa linha de Santa Teresa) que chegava até a estação Silvestre da E.F. Corcovado, terminando a antiga conexão que havia entre esses dois meios de transporte.
A concessão com a Light and Power terminaria a 8 de janeiro de 1970. Contudo, já em 1964 a empresa canadense fez um acordo com o governo e antecipou o fim de sua concessão do serviço de transporte público por bondes mas o acordo não incluiu a E.F. Corcovado, que continuou sendo operada pela Light até a data inicialmente acordada. Nessa data, contudo, foi interrompido o tráfego nessa ferrovia, já que nem a Light, nem outra empresa particular e nem o governo desejavam manter o serviço. Após alguma discussão, o governo do então estado da Guanabara retomou o serviço a 19 de abril de 1970. Contudo, um acidente sem maiores conseqüências ocorrido a 17 de dezembro de 1971 - o primeiro desde a inauguração - mostrou que o equipamento, com mais de 60 anos de uso constante, estava superado e precisava ser modernizado.
Essa modernização, contudo, só começou a ser providenciada em 1976, quando foram encomendados à empresa suíça SLM/BBC sete novos carros de cremalheira, sendo quatro carros-motor e três carros-reboque, com comandos acoplados ao carro motor. Os novos carros apresentavam as seguintes características: comprimento de 24,5 metros, peso de 19 t (carro-motor) e 17,8 t (carro-reboque), lotação de 58 (carro-motor) e 63 (carro-reboque) passageiros, velocidade de 15 km/h (subida) e 12 km/h (descida), potência total de 306 HP distribuída igualmente entre dois motores, alimentação por corrente alternada trifásica de 900 V, 60 Hz. Essas composições também operam pelo sistema Riggenbach de cremalheira.
Em abril de 1977 foi interrompido o tráfego pela E.F. Corcovado para que pudesse ser feita uma profunda reforma em sua via permanente e sistema de eletrificação, adequando-os aos novos carros que haviam sido encomendados. O sistema foi reaberto ao público a 9 de março de 1979, sendo suprimida a estação de Silvestre, que só era usada para baldeação dos passageiros para a linha de bondes de Santa Tereza que, conforme foi visto há pouco, havia tido sua seção até Silvestre destruída por uma tempestade em 1966. Essa seção do serviço de bondes foi restaurada em 1995 mas, estranhamente, nunca entrou em operação comercial, embora Allen Morrison, um renomado especialista em bondes, tenha percorrido o trecho num bonde fretado em 1996.
Essa modernização permitiu à E.F. Corcovado continuar se mantendo como um dos mais importantes e concorridos cartões turísticos do Rio de Janeiro. Já os antigos trens elétricos SLM/Oerlikon infelizmente encontram- se abandonados até hoje esperando uma possível restauração.
De acordo com Allen Morrison a E.F. Corcovado é uma das únicas quatro ferrovias de cremalheira ainda existentes no Hemisfério Ocidental. Dessas quatro, apenas duas possuem tração elétrica: a própria E.F. Corcovado e a seção da Serra do Mar da E.F. Santos a Jundiaí. As outras duas estão localizadas nos Estados Unidos: Mike's Peak, no Colorado, usando tração diesel, e Mt. Washington, em New Hampshire, que usa tração a vapor e é a mais antiga em funcionamento no mundo, tendo sido aberta em 1869.
Hoje, mais de 120 anos depois, a subida até o Corcovado continua emocionando e impressionando pessoas do mundo todo, e é fundamental, por parte dos responsáveis, a boa conservação deste patrimônio, que
inclui tanto a ferrovia quanto o próprio monumento. É uma forma de honrar o legado histórico e as bênçãos recebidas, representadas pelos generosos braços do Redentor, abertos sobre a Guanabara.
Essa modernização permitiu à E.F. Corcovado continuar se mantendo como um dos mais importantes e concorridos cartões turísticos do Rio de Janeiro. Já os antigos trens elétricos SLM/Oerlikon infelizmente encontram- se abandonados até hoje esperando uma possível restauração.
De acordo com Allen Morrison a E.F. Corcovado é uma das únicas quatro ferrovias de cremalheira ainda existentes no Hemisfério Ocidental. Dessas quatro, apenas duas possuem tração elétrica: a própria E.F. Corcovado e a seção da Serra do Mar da E.F. Santos a Jundiaí. As outras duas estão localizadas nos Estados Unidos: Mike's Peak, no Colorado, usando tração diesel, e Mt. Washington, em New Hampshire, que usa tração a vapor e é a mais antiga em funcionamento no mundo, tendo sido aberta em 1869.
Hoje, mais de 120 anos depois, a subida até o Corcovado continua emocionando e impressionando pessoas do mundo todo, e é fundamental, por parte dos responsáveis, a boa conservação deste patrimônio, que