Estrada de Ferro Muzambinho


A E. F. Muzambinho veio de uma concessão de uma ferrovia que partisse de Muzambinho e visse até S. Joaquim da Serra Negra (município de Alfenas). A “Muzambinho” foi feita em cima de uma concessão da “Minas e Rio”, que não quis esse trecho. O primeiro trecho da “Muzambinho” foi inaugurado em 1892, partindo de Três Corações e passando Varginha. Em 1899 foi encampada pelo governo de Minas e em 1908 foi incorporada à E. F. Minas e Rio.
A história desta companhia se iniciou com a lei provincial n. 3.420, de 30 de Agosto de 1887, que concedia “privilégio para construção de uma estrada de ferro que, partindo das divisas daquela Província com a de São Paulo, município de Muzambinho, fosse terminar em São Joaquim da Serra Negra, município de Alfenas”. As leis 3.754 e 3756 de 16 de agosto de 1889 autorizavam o prolongamento da estrada até São Sebastião do Paraíso e depois Passos, onde originalmente deveria chegar a Minas e Rio. Em 1888 a Minas e Rio obteve a concessão para a construção dos referidos trechos. A lei 3397 de 24 de novembro de 1888 autorizava ela ainda

A construir um ramal que, partindo do ponto mais conveniente de sua linha férrea, e passando ela freguesia de Cambuquira, se dirija à cidade da Campanha na província de Minas Gerais, com sub-ramal que, partindo igualmente do ponto mais conveniente, se dirija a Águas Virtuosas do Lambari. (Relatório do Ministério da Agricultura de 1889, referente ao ano de 1888, seção Estradas de Ferro, p. 293)

No mesmo ano, o decreto 10.122 outorgou uma concessão “à mesma companhiaprolongar a sua linha férrea de Três Corações até o ponto navegável do Rio Verde, na extensão aproximada de 57 quilômetros”16. Esse trecho se tornou a primeira parte do chamado “Prolongamento de Três Corações a Estação Fluvial” e o primeiro ramal da Muzambinho a ser inaugurado, já que o segundo era aquele que seria conhecido como o “Ramal da Campanha”. Este último, que se trata do referido trecho na citação, foi o que abarcou boa parte das cidades que integram o atual Circuito das Águas Sul Mineiras, ou seja, a expectativa girava muito em torno do transporte de passageiros para essa região, como Águas Virtuosas (atual Lambari) e Cambuquira. Ainda em 1873 a câmara municipal de Campanha reclamou da falta de caminhos adequados aos balneários sul mineiros. 
Sabe V.M.I., que a distâncias de 18 a 40 léguas da estação no fim da 4ª seção da estrada de ferro central encontram-se águas minerais de sabida riqueza de princípios medicamentosos, como as de Baependi, Lambari, Cambuquira e Caldas; e entretanto a população do litoral prefere ir a Europa usar de águas talvez inferiores, porque lhe é mais fácil e mais cômodo transpor pelo Oceano as 2000 léguas que nos separam do continente europeu, do que viajar 20 ou 30 léguas nas estradas afamadas de Minas.  (Carta enviada a Pedro II pela Câmara Municipal da cidade da Campanha da Princesa, 1873)
Entretanto, em 1889 essas concessões foram anuladas e passadas então à recém-criada Companhia Estrada de Ferro Muzambinho. A exemplo da Sapucaí, a linha tronco da Muzambinho (Três Corações a Fluvial, depois Areado, e por fim Monte Belo) serviu a idades que produziam e exportavam artigos agrícolas e pastoris ao Rio e São Paulo, mas que pontualmente o café já assumia uma relevante posição, como Varginha e a própria Areado (figura abaixo). Após a chegada dos trilhos a produção se intensificou.
 
A “Linha Tronco” e “Ramal da Campanha” da E. F. Muzambinho em 1907
Na figura acima, a Muzambinho em 1907, ainda não havia sido concluída a ligação com a Mogiana, que ocorreu apenas em 1910. O tráfego mútuo se iniciou apenas em 1914. Tanto ela quanto a Sapucaí sofreram com o desvio de cargas a serem embarcadas em suas estações, pois muitas localidades estavam relativamente próximas de alguns ramais da Mogiana e suas respectivas pontas (figuras abaixo).
 
 Mapa da Rede Sul Mineira na ocasião do contrato de 1910
 
A ferrovia representou, para a região, muito mais que uma simples porta de saída para o mundo. No final do século XIX, o transporte de mercadorias, em especial o café, era vista como essencial para os comerciantes e fazendeiros. O transporte via carro-de-boi era extremamente demorado e inseguro.
No final do século xix os fazendeiros da região, em especial DR. AMÉRICO RIBEIRO GOMES DA LUZ, começaram a se movimentar no sentido de trazer a tão sonhada ferrovia para muzambinho e região, criando a cia. Estrada de ferro muzambinho, que nunca chegou a região, sendo posteriormente encampada pela rede mineira de viação.
 
Ramal Freitas a Campanha


Estação de Freitas
Município de Soledade de Minas, MG

Linha de Cruzeiro (SP) a Juréia (MG)

> Ramal de Freitas a Campanha<

(Bitola de 1,00 m)

TRECHO DESATIVADO

  • Data da inauguração: 14-06-1884
  • Altitude: 860 m
  • Distância do ponto inicial: 106.137 m
  • Uso atual: moradia
Operadoras:
  • E. F. Muzambinho (1894-1908)
  • E. F. Minas e Rio (1908-1910)
  • Rede Sul-Mineira (1910-1931)
  • Rede Mineira de Viação (1931-1965)
  • V. F. Centro-Oeste (1965-1966)

Fontes:
Estações Ferroviarias
Viação Férrea Centro-Oeste (VFCO)







Estação Santa Catharina (Olímpio Noronha)
Município de Jesuânia, MG

Linha de Cruzeiro (SP) a Juréia (MG)

> Ramal de Freitas a Campanha<

(Bitola de 1,00 m)

TRECHO DESATIVADO
  • Data da inauguração: 13-03-1908
  • Altitude: 874 m
  • Distância do ponto inicial: 128.274 m
  • Uso atual: parte do hotel Imperial

Operadoras:
  • E. F. Muzambinho (1908-1908)
  • E. F. Minas e Rio (1908-1910)
  • Rede Sul-Mineira (1910-1931)
  • Rede Mineira de Viação (1931-1965)
  • V. F. Centro-Oeste (1965-1966)

Fontes:
Estações Ferroviarias
Viação Férrea Centro-Oeste (VFCO)














 
Em 1912, chega a guaxupé o ramal da mogyana, trazido pelo Conde Ribeiro Do Valle. Em 1913 é inaugurado o ramal que liga Guiaxupé a muzambinho e de muzambinho até tuyuty, fazendo entroncamento com a rede mineira indo a varginha. A partir de então a cidade de muzambinho ganha novos ares, há uma espécie de efervecência econômica e cultural com a inauguração da estação ferroviária. Fazendeiros de cidades vizinhas que não eram atingidas pela ferrovia passam a transportar seu café através de Muzambinho, em especial o cel. José Martins de oliveira (Zéca Martins) cujas terras pertenciam a Caconde, cidade paulista, o que vai determinar a alteração da divisa entre os dois estados.Os trabalhos de construção propriamente ditos foram executados por homens simples, do povo, que deixaram suas marcas em cada pontilhão, cada casa de máquinas e, mais que isso, na própria cidade, fixaram-se, formaram famílias e fizeram a região crescer.
Os trilhos da ferrovia cruzaram esta região e por eles foram transportados vagões cheios de trabalho e progresso, sonhos e esperanças, num vai-e-vem frenético de gente e vida que transformaram para sempre estas montanhas mineiras.